A relevância da Alta Costura para o mercado da moda
A Alta Costura é a expressão da moda que mais se aproxima da Arte, da forma que é vista e apreciada nos grandes museus. Caracterizada por sua extrema exclusividade, preços […]
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A Alta Costura é a expressão da moda que mais se aproxima da Arte, da forma que é vista e apreciada nos grandes museus. Caracterizada por sua extrema exclusividade, preços […]
A Alta Costura é a expressão da moda que mais se aproxima da Arte, da forma que é vista e apreciada nos grandes museus. Caracterizada por sua extrema exclusividade, preços altíssimos, tecidos da melhor qualidade e técnicas de execução muito antigas. Na Haute Couture, o céu é o limite, tanto para o preço, quanto para a criatividade e impacto social dos vestidos.
A primeira Maison de Haute Couture surgiu em 1858, criada por Charles Frederick Worth, lançando o novo estilo de roupas, mais do que nunca, ligado às essências do que é Moda: luxo, glamour e riqueza.
Alta Costura é uma forma de arte e costura muito antiga, com sabedoria artesanal ímpar! Os vestidos são todos feitos a mão, desde a tintura dos paetês à colagem das plumas, pelas melhores costureiras e alfaiates especializados em Alta Costura. As peças levam horas, dias e até mesmo semanas para serem feitas pelas mãos mais habilidosas do mercado. Lady Amanda Harlech, colaboradora antiga de Galliano e veterana da Couture (trabalhou 18 anos na Chanel), conta que um terno da marca é feito por duas pessoas trabalhando o dia inteiro por duas semanas. Cada peça é única, feita apenas uma vez, com tecidos de altíssima qualidade. São verdadeiras obras de arte para se vestir no corpo.
Chambre Syndicale de la Haute Couture é o braço do Ministério da Indústria francês que determina o que é a Alta Costura ou não é, além de rever anualmente a seleta lista de casas que podem ser denominadas Alta Costura. Este termo é protegido legalmente e controlado e só pode ser usado pelas casas que receberam essa designação do governo francês. Existem especificações muito rígidas para um ateliê ser considerado de AC e poder desfilar na temporada: como ter um ateliê em Paris, empregar ao menos um staff em tempo integral de 15 pessoas, fazer as peças sob encomenda com ao menos uma prova de roupa e apresentar suas coleções publicamente duas vezes por ano, com ao menos 35 looks para dia e noite.
A Alta Costura é propriedade cultural de Paris e nela o Savoir Faire francês se expressa da melhor forma. Savoir Faire é o fogo passional com que os franceses criam arte, não pertencente apenas aos pintores e escultores que estão no Louvre, mas também aos estilistas e às costureiras dos ateliês de Alta Costura que criam obras primas para se desfilar no corpo. Assim, a Haute Couture mostra-se um ambiente muito fértil para a expressão artística, pois não há limites (verdadeiramente, o céu é o limite, pois não existem interesses mercadológicos para barrar a criatividade).
No calendário atual, desfilam as marcas Chanel, Dior, Schiaparelli, Maison Margiela, Atelier Versace, Balmain, Zuhair Murad, Elie Saab, Bouchra Jarrar, Stéphane Rolland, JPG, Viktor & Rolf, Adeline Andre, Ulyana Sergeenko, Fendi, Giorgio Armani Privé, Alexis Mabille, Maurizio Galante, Alexandre Vauthier, Giambattista Valli, Ralph & Russo, Dice Kayek e Franck Sorbier.
Preço não é o problema para os vestidos de Alta Costura! Uma peça sem muitos ornamentos pode começar nos US$ 10 mil, de acordo com um artigo publicado no “The Telegraph”. Para os vestidos de festa o céu é o limite, batendo na casa dos milhões quando pedras preciosas são usadas. Na temporada de retorno da Balmain à Alta Costura em 2019, haviam vestidos custando mais de 400 mil euros.
Hoje, existem cerca de 4.000 colecionadoras de Alta Costura no mundo. Chamá-las de clientes chega a ser inapropriado dentro dessa atmosfera de luxo, por isso quando falamos da Alta Costura elas são colecionadoras.
Para se ter uma ideia, Jean-Paul Gaultier diz que de todas as suas clientes, cerca de apenas 60 consomem Couture. É um grupo de pessoas minúsculo, porém de enorme riqueza.
Mesmo sendo uma atividade deficitária para as grandes marcas e não trazendo lucros diretos, a Alta Costura ganhou importância nos últimos anos. Existem dois caminhos diferentes pelos quais a AC se direciona: por um lado permanecem marcas tradicionais que criam vestidos verdadeiramente de sonhos; por outro, marcas vanguardistas utilizam da Alta Costura como um laboratório para experimentar novas técnicas sem a pressão de ter que vender.
As Maisons tradicionais, como Chanel, Dior e Elie Saab utilizam do rico ambiente da Alta Costura para criar verdadeiros vestidos que a Fada Madrinha da Cinderela invejaria! São vestidos que vão para os Red Carpets e as mais ricas festas de todo o mundo. Este ambiente é utilizado da melhor forma como uma estratégia de marketing, na qual as marcas podem mostrar suas expertises por meio das mais habilidosas técnicas e criativas. Assim como as marcas de carro mostram sua capacidade por meio da criação de supermáquinas, os estilistas posicionam-se com vestidos superglamurosos e lindíssimos desfilados nas passarelas de Paris.
Na temporada de primavera-verão de 2010, Galliano, estilista da Dior, disse em entrevista que a Alta Costura é sua arma fatal para brigar no mercado. Ela é como vitrine para mostrar o que a Maison pode fazer de melhor.
Já os vanguardistas, utilizam a Alta Costura para desenvolver tecidos e silhuetas inimagináveis, experimentar novas modelagens e acabamentos, alavancando a moda para um novo patamar. Uma vez que todos os limites são mais elásticos e não existe pressão comercial, os estilistas conseguem trazer novidades que serão incorporadas ao Prêt-à-Porter daqui a 5 ou 10 anos. Iris Van Herpen’s, Margiela, Viktor & Rolf e Jeal-Paul Galtier são Maisons que se destacaram muito nos últimos anos por utilizarem a Alta Costura como verdadeiros laboratórios e quebrar paradigmas.
Relativamente nova no mercado da moda, a holandesa Iris Van Herpen’s quebra o paradigma da execução toda artesanal dentro da Alta Costura. O processo criativo avançado de Van Herpern’s combina o artesanal para construir materiais modernos e silhuetas futuristas para fazer vestidos que seriam possíveis apenas na nossa imaginação. A designer não se limita à moda, pelo contrário, seus modernos vestidos são resultados de um trabalho colaborativo entre setores da moda e da ciência, misturando arquitetura, engenharia e física à Alta Costura.
Margiela também quebra paradigmas da Alta Costura quando traz modelos homens andrógenos para as passarelas, o que antes nunca havia ocorrido dentro de um estilo de roupas totalmente feminino. A Maison desenvolve novas silhuetas unissex e abre debate sobre a questão de gênero dentro do segmento: seria a moda de luxo apenas voltada para a mulher? O que é ser mulher?
Outro nome que ganhou muito destaque no último ano é Viktor & Rolf, com a coleção de primavera-verão inspirada em memes da internet e do instagram. Os estilistas criaram vestidos volumosos, coloridos e cheios de babados com frases irônicas como “I’m not shy, I just don’t like you”, trazendo uma tendência fast fashion direto para a Alta Costura e impressionando a todos pelo inusitado. A situação, no entanto, se inverteu e as peças inspiraram vários memes nas redes sociais, gerando grande repercussão para a marca.
Graças às Maisons vanguardistas os holofotes se acenderam novamente para a Alta Costura. Se antes estavam apagados por causa dos novos estilos que democratizaram o acesso a moda com roupas bonitas e baratas, agora eles voltaram a se acender. O mercado de moda está saturado de tendências Fast Fashion repetitivas.
Quantas vezes mais se repetirão os estilos dos anos 80/90? Até quando existirá esse vai e vem da moda vintage para camuflar a deficiência de novidades no setor?
Nesse cenário, a Alta Costura se destaca como uma bússola da inovação nos apontando a direção do futuro da moda. Por meio dela, as marcas testam infinitas técnicas e materiais que serão incorporados ao mercado no futuro, reinventando a própria Moda. O que podemos esperar das próximas temporadas de Alta Costura?
amei 💖
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Conteúdo excelente!! Parabéns.
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parabéns pelo post! amei!!!
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